Bem, terça feira, dia 12 de julho treinei Kung Fu às 19h.
Fiquei para fazer Chi Kung às 20h. Meu corpo estava bem, mas meu espírito cansado. Odiei treinar naquele dia. Cada soco, cada chute, cada "forma" parecia um inferno.
Detestei cada exercício que o Moacir (com a maior boa vontade do mundo, diga-se desde logo) passava. O problema era comigo mesmo. Treinei "xoxo". Nem suei.
Mas cumpri o que havia me disposto a fazer: treinar Kung Fu naquela noite.
Então, fui à aula seguite, o Chi Kung. Achei que ia ser outra saraivada de movimentos, posições horríveis, dores pra todo lado. O Sifu Luis Mello ministrou a aula.
Apagou as luzes, acendeu as velas, o incenso e todos, em fila, ficamos simplesmente com as mãos postas há 4 dedos abaixo do umbigo. Olhos fechados e só. Depois, após algumas respirações profundas, ficamos na posição da árvore (em pé, joelhos levemente articulados, pernas separadas, braços à frente como que abrançando a uma árvore).
E foi assim até o final do treino. Aboslutamente parados.
Não precisa dizer que os ombros pareciam que estavam sendo espetados por agulhas, mas aguentei. Nem sei dizer quanto tempo ficamos.
Nas milhares divagações da minha mente, lembrando o que aconteceu no dia, no passado, lembranças de várias passagens de minha vida, lembranças, lebranças e mais lembranças, um facho de iluminação surgiu.
Mas, ficamos parados... parados... apenas... parados.
Porque destestei treinar naquele dia?
Tédio... por puro tédio.
Mas, a vida é tédio. A novidade, o choque, o diferente, é exceção. Não é natural. Natural é que o sol sempre nasce e morre, todos os dias, até quando a eternidade quiser, sempre o mesmo, sempre o tédio. A variação das coisas, mesmo assim, são iguais.
Chuva, sol, calor, frio, sempre ocorrem. Nada de novo debaixo do sol. Não podemos pensar que podemos fugir do tédio mediante coisas novas. Fugimos do tédio mediante a disciplina e a persistência. Fazer algo que queremos e devemos, ainda que sintamos tédio. Assim não fosse, a disciplina, a paciência e a perseverança não teriam razão de ser.
O novo vem após a repetição do velho e não da fuga dele. O tédio é a regra, a novidade, a exceção.
Não podemos viver a vida toda querendo a novidade, isso é anormal, é doentio. Ficar parado, não é o mesmo que fazer nada.
Ficar parado é sentir prazer no que há de mais simples e mais singelo: o cotidiano.
Isso é Kung Fu.
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