"De repente aquela explosão do treino parou. Fazia uns 20 minutos que estávamos aquecendo, alongando, socando no ar, chutando...: Atenção, resistência no cavalo !
Soou resoluta a voz do Sifu. Parecia simples, era só abrir as pernas o suficiente para manter algo como 90 graus entre as canelas e as coxas e baixar o quadril encaixado para trás.
Olhos fechados, mãos postas à frente do rosto uns 30 centímetros. O suor começou a correr pelo rosto a pingo grosso. A respiração demorou para estabilizar.
As pernas queimavam, começaram a tremer, parecia que o corpo ia entrar em colápso... foi um inferno, tudo começou a doer, deu vontade de rezar o pai nosso, ami tofo, om mani padme hun, hare krsna, o que iria me ajudar naquela hora ?!... nada, absolutamente nada.
Foi um momento que aprendi que de fato estamos a sós com nossas parcas forças. Não tinha jeito.
A verdade começou a aparecer, as ondas de dores iam e vinham , os pensamentos entraram em confusão, eu não sabia mais onde concentrar a mente, não dáva pra fingir que não doía, não deu pra fugir, foi uma luta terrível, até que surgiu o real convencimento de que nada nem ninguém ia me ajudar. Tinha que resistir com as forças de dentro de mim.
Por último, nesse estágio inicial (!!) o tempo começou a se relativizar. Pensei que tinha ficado quatro horas naquele sofrimento, procurando mover alguns milímetros que fosse aqui e ali para aliviar as dores ora nos pés, ora nas coxas, oras nos quadris, ora nos ombros... tudo sem sucesso, não tinha misericóridia, não havia alívio nenhum... quando então o Sifu resolutamente clamou "hip". Voltei à posição normal. Olhei no relógio. Passaram-se eternos, infindáveis e dolorosíssimos, 20 segudos (!!) Essa foi a minha primeira experiência da posição mais básica e comezinha do Kung Fu, o "cavalo".
Abraços!
Dr. Sergio Binotti
Cel - 96711391
binottiadv@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário